quarta-feira, 9 de março de 2011

Cabildos: instituições política e administrativas[1]






Izabel Cristina Ribas de Mello[2]

Janaina Souza Teixeira[3]



Resumo:

Este artigo trata dos Cabildos nas missões jesuítas, onde será analisado a Organização Política, se identificando como era estruturada e como funcionava a mesma, Finalidade e vantagens de fazer parte do Cabildo, identificando quais eram estas finalidade e vantagens.

Para fazer isto foi utilizado as seguintes bibliografias: A Fronteira triplicada: a formação do continente do Rio Grande – Século XVIII, escrito por Eduardo dos Santos Neuman, 2004; As Missões jesuítico-guaranis de Julio Ricardo Quevedo dos Santos, 2006; Missões: uma utopia política de Arno Álvares kern, 1982.

Dentro disto também se é trabalhado a idéia de que incluído nesta idéia de “sistema político e administrativo”, ocorria por parte dos jesuítas uma forma de poder controlar os povos indígenas, fazendo com que em troca da “proteção dentro destas missões”, eles se submetessem as exigências feitas pelas coroa.

Destacando também que integrantes indígenas dentro destes Cabildos se favoreciam através de seus cargos tendo prestígios dentro deste meio político.


PALAVRAS CHAVES: política, administração, missões, Cabildos, índios, jesuítas





1 INTRODUÇÃO:

Kern coloca que Cabildos são grupos políticos, os mesmos fazem parte da organização política hispânico-americana reconhecido dentro da instituição espanhola. Este promove a integração estrutura política dos índios com a monarquia espanhola, estas duas consistem na real união de duas forças dentro da Redução-Doutrina.

Já Santos define o Cabildo como modelo político, onde se dava a unidade do Estado Espanhol, uma instituição que controlava e administrava as missões, o conselho político missioneiro.

Dentro deste sistema os guaranis missioneiros escolhidos para fazer parte do mesmo tinha como função cumprir e fazer com que fossem cumprida a lei dentro das missões determinada pelo monarca espanhol.

No entendimento político missioneiro, o Estado é o poder central, o Cabildo estava inserido dentro deste poder. Portanto no momento em que o Estado dar proteção ao índio ele determina regras de convivência e o bem comum.


1.1 Organização Política


Os Cabildos se formaram gradualmente nas cidades coloniais governando estes municípios, era formado por um Alcaide Maior, seguido por Alcaides Ordinário, o Cabildo era um conselho formado por Regedores e seu objetivo era o de o de manter a administração e a justiça Local.



Simom expõe que este Regedor é uma espécie de delegado de polícia, ele também além de dar bom exemplo tem que manter uma vigilância sobre os índios relatando aos jesuítas os fatos ocorridos. Ele também coloca o Cabildo exercia os três poderes:



(...) legislativo, executivo e judiciário. Constituía-se de um “corregedor”, espécie de prefeito, presidente da câmara e do tribunal de justiça, um “tenente-corregedor”, que servia de vice-prefeito; dois “alcaides da cidade”, que eram juízes; dois “alcaides da cidadade”, que eram juízes; dois “alcaides da irmandade”, juízes para assuntos rurais; “regedores”, como delegados dos bairros; um “alfares real”, que era comandante do exército; um “escrivão” e um grupo de “algaiz”, policiais civis. Havia, ainda, um “mordomo” com seus “contadores”, “fiscais”, e “armazenistas”, encarregados dos negócios da fazenda (SIMON, 1987, p. 109).





Função de dualidade Cabildos indígena


O surgimento dos Cabildos nas Missões Jesuítas gerou bons resultados. Até o início do século XVII predominou a liderança dos Caciques, após surge o Cabildos indígenas, por ser necessário que se defina papéis políticos a serem desempenhado pelos lideres tribais anteriores e os que fariam parte destes Cabildos. Assim:



O ouvidor Alfaro nas suas Ordenação estabelece que a cada Pueblo de Índios terá um Alcaide e dois Regedores para cada grupo de oitenta casas, aumentando este número em função da densidade demográfica da população. Quando aos papéis políticos, dividiu as responsabilidades, ficando para os Alcaides o governo municipal do Pueblo e, o governo das divisões do mitazgo, a cargo do caciques (KERN, 1982, P.45).


Em 1647 surge um novo cargo o de Corregedor, este tinha a função de líder militar e dirigente administrativo superior aos Alcaides existentes, passando a ser nomeado pelos governadores provinciais desde 1633 à 1634. A constituição de um Cabildo era de um Corregedor, seguido de um Tenente de Corregedor, quando necessário dois Alcaides ordinários (um do primeiro o outro pelo segundo voto), dois Alcaides da Irmandade, um Alferez Real, quatro regedores, um Alguazil Mor, um Mayordomo e um Secretário.



1.2 Finalidade e vantagens de fazer parte do Cabildo


Neumann afirma que a alfabetização dos índios dentro destas missões despertou novas formas de sociabilidade, integrando-os dentro dos Cabildos , através da redação das atas das sessões. Tornando estes índios alfabetizados os principais índios destas missões, tornando-os peças fundamentais entre os jesuítas e a população missioneira.

Nem todo integrante do Cabildo era letrado, em consulta em documentos indígenas foi constatado que havia caciques incapazes de assinar seus nomes. Sendo que o integrante alfabetizado tinha o costume de colocar sua identificação de cargo dentro do cabildo ao lado da assinatura.

Nesta instituição política das Missões não foram apenas duas culturas que se reuniu, mas duas épocas históricas que se tocaram separadas por séculos de desenvolvimento diferente. “Nesta organização política, os representantes destas duas sociedades, destas duas concepções de mundo, foram o Cacique e Jesuítas. Juntos tentaram uma síntese política destas duas sociedades diferentes” (KERN, 1982, p.47).

Ambos agiam através do Cabildo, a instituição hispânica governativa municipal. O Corregedor é que liderava este organismo, na maioria das vezes era alguém com experiência e de confiança do Cura da Missão. O Cabildo foi quem colocou em ação o objetivo em comum, que realizou a reorganização da sociedade tribal que se encontrava sobre a “proteção” dos espanhóis e portugueses.

Assim como na administração espanhola sob o Governo Provincial, para os índios também Corregedor, que era seu Governador indígena (Cacique), geralmente o cargo era dado a um Guarani, este era nomeado pelo Governador, através das seguintes cláusulas: " para que cuida de los trabajos comunes asistiendo al administrador en todas sus determinaciones, evite los pecados públicos, disenciones y parcialidades entre los naturales de su pueblos” (KERN, 1982, P. 47).

Nas missões o cargo de Corregedor era a autoridade máxima, mas na realidade ele era o auxiliar do Cura. O Cabildo e o corregedor possuíam privilégios dentro das missões, possuíam o melhor lugar nas igrejas, seus filhos tinham direito de ir as escolas, não pagavam tributações, a medidas de suas rações eram duplas, suas roupas eram melhores do que as dos demais.


(...) escuela los hijos de los caciques, de los cabildantes, de los músicos, de mayordomos, de los oficiales mecánicos; todos los cuales componían la nobleza del pueblo en su modo de concebir y también vienen otros si lo pide sus padres (…) estes eram os índios principias de uma redução, personagens fundamentais no processo de mediação entre jesuitas e a população missioneira. (NEUMAN, 2004, 29)


Com exceção do Corregedor que era nomeado pelo Governador e selecionado em uma lista de caciques sugerida pelo Cura, todos os cargos dos Cabildos eram escolhidos por eleição no final de cada ano. Nesta lista só poderiar constar nomes de pessoas gratas.

Isto demonstra que por mais que os índios tivessem direito de fazer parte dos Cabildos, isto era totalmente controlado. Demonstrando assim este processo não de forma liberal e democrática.

Nos marcos jurídicos da administração hispânica colonial, tanto os Corregedores indígenas como os Curas das Missões de qualquer ordem religiosa estavam submetidos aos rígidos controles reais ou teóricos de um regime político que se estruturava no Direito Divino dos monarcas metropolitanos. Mesmo a análise da eleição que se realizava mostra um ato político extremamente conservador e nada liberal, pois a maioria dos indígenas dela não participava, como a maioria da população (KERN, 1982, p.51).

Todas as nomeações dos funcionários das missões eram feitas pelo Cabildo, esta corrente de nomeação acabava criando uma série de laços e relações dentro deste regime político. Esta escolha de índios para fazer parte dos Cabildos, fez com que se gerasse uma “elite Guarani” hispanizada, eram Caciques que ganhavam o titulo de Dom, e direito hereditários. Estes índios mesmo sendo comandados pelos administradores espanhóis eles tinham um papel mais ativo e individualista do que os demais.

Por mais que muitos integrantes dos Cabildos que não eram filhos de caciques, conseguissem o cargo por suas capacidades, que também acabou sendo valorizado além da hereditariedade, nunca nenhum conseguiu substituir o Cacique. Por mais que muitos integrantes dos Cabildos que não eram filhos de caciques, conseguissem o cargo por suas capacidades, que também acabou sendo valorizado além da hereditariedade, nunca nenhum conseguiu substituir o Cacique.



Portanto, havia por parte dos padres um tratamento diferencial aos índios de respecto y beneméritos, ou seja, aos corregedores, caciques, capitães, alcaides maiores e os componentes dos cabildos das reduções (cabildantes), todos os quais podemos assim identificar como parte de uma elite indígena das missões (NEUMAN, 2004, P.30).

Por mais que muitos integrantes dos Cabildos que não eram filhos de caciques, conseguissem o cargo por suas capacidades, que também acabou sendo valorizado além da hereditariedade, nunca nenhum conseguiu substituir o Cacique.

Neuman coloca que eram os integrantes desta elite alfabetizada que lia as decisões repassando as mesmas para os índios. Compartilhando assim as informações que chegavam por escrito nas missões guaranis.

É através destes índios letrados dentro do Cabildo que as missões mantinham controle sobre a população indígena. Sem isto não haveria como organizar e controlar toda a população que tinha dentro das missões.











Considerações Finais:

Os Cabildos foram uma forma de controle sobre os indígenas, onde os mesmos eram submetidos á ordens. Por terem armas em seu poder eles poderiam exigir reivindicações a seu favor a qualquer momento, alem de ser em número muito maior que seus opressores, mas mesmo sim este sistema político conseguiu manter a ordem interna dentro destas missões.



Este controle se apresenta através da integração política com o religioso, destacando a mudança da sociedade tribal indígena para a organização política dos Cabildos, sob o domínio político-religioso dos jesuítas .



Através dele se observa as relações estabelecidas de hierarquia política e social dentro das missões, assim como seu funcionamento social, junto com os papéis realizados entre os indígenas e os missionários, se percebendo como o sistema colonial espanhol se misturou com o a sociedade indígena.











REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GUAZELLI, Fábio; Cezar Augusto Barcellos; NEUMANN, Eduardo dos Santos. (orgs.) Capítulos de História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.



SANTOS, Julio Ricardo Quevedo dos; As Missões jesuítico-guaranis. In: História Geral do rio Grande do Sul. 2006. Passo Fundo: Méritos, 2006.



KERN, Arno Alvarez; Missões: uma utopia política. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.



SIMON, Mário; Os Sete Povos das Missões –Trágica experiência. Porto Alegre. Martins Livraria, segunda Edição, 1987.





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[1] Artigo desenvolvido para a matéria de Rio Grande do Sul


[2] Acadêmica no Curso de História no Centro Universitário Franciscano (UNIFRA)

[3] Professor(a) no Curso de história no Centro Universitário Franciscano (UNIFRA)

terça-feira, 2 de março de 2010

Casas Eny: Um comércio que fez História

Casas Eny: Um comércio que fez História

Rosiméri Nunes

RESUMO

            O presente artigo esta delimitado ao período de 1924 até aos dias atuais, sua instância para a história de Santa Maria, demonstrando como as Casa Eny tornou-se próspera e bem sucedida com o passar das décadas. O ambiente não é favorável a abertura de novos empreendimentos, pois o mundo esta sob efeitos as 1ª Guerra Mundial. Mas a idéia de uma loja de calçados masculinos e infantis vai se consolidando cada vez mais no imaginário do de Luiz de Andrade, seu fundador. Santa Maria era um pequeno município no centro do Rio /grande do Sul, possuía vinte e dois mil habitantes distribuídos em três mil casas. O ponto escolhido para o novo estabelecimento comercial foi uma sala pequena e escura na Rua Silva Jardim, distante do Centro Comercial da época (1920). Para realizar este artigo foi lido: História do município de Santa Maria e do extinto Município de São Martinho, de João Belém (1933); Uma loja, uma vida, de Edmundo Cardoso (1974); Santa Maria panorama, histórico-cultural, de Aristilda Rechia (1999) e fontes documentárias como: Jornal a Razão e Correio do Povo.

Palavra chave: Casas Eny, comércio, História de Santa Maria

1 INTRODUÇÃO

            Propõe-se demonstrar o quanto esse pequeno comércio de calçados que era no início as Lojas Eny, inaugurado em 1924, tornou-se de extrema importância para o desenvolvimento de Santa Maria. A pesquisa relata a trajetória de um jovem, e como este se transforma em um dos mais bem sucedidos empreendedores do município de Santa Maria. Este empreendedorismo sera refletido no aumento de empregos e no repasse de impostos ao setor político. As Casas Eny é uma das principais protagonistas na História do comércio de Santa Maria.
            Para um melhor entendimento do leitor, o texto foi dividido em subtítulos que delimitam a pesquisa; são eles: Uma nova loja e as Casas Eny nas últimas décadas.

1.1  Nasce uma nova loja

No dia sete de outubro de 1924, às sete horas da manhã, uma nova loja esta sendo aberta em santa Maria, duas pessoas estão presente: Seu proprietário e seu único funcionário Salvador Isaia. Relata Cardoso (1974)

Andrade deixa de sobreaviso: agora é contigo, fique aqui e lembre-se do que te ensinei. Se precisar de troco, tu sabes a minha casa fica aí em frente; mais tarde eu volto. Com isso Salvador expressando seu rosto uma ansiedade e vivacidade de comerciante nato pela profissão e logo se dirigiu ao freguês:
- Bom dia seu Etelvino, desejas algo? Ele respondeu.
- A quanto tempo a loja abriu, quem é o proprietário?
Salvador responde:
-  A loja abriu agora mesmo, e eu não vendi nada ainda. O dono é o Luiz Andrade ele esta ali em frente em sua casa.
- Me dê algo barato que eu te compro como teu primeiro freguês para te dar sorte nos negócios (CARDOSO, p.15)

               

Com o pouco dinheiro que entrava na loja da Avenida Rio Branco, esquina com a Rua Silva Jardim, Andrade passa a vender calçado feminino e masculino. Em 1927 é inaugurada a lojinha de calçados feminino, “Eny” um nome bonito, curto e fácil para as pessoas guardarem.
Em 1932, as Casas Eny abre a sua primeira filial no térreo do Edifício da União dos Caixeiros viajantes (SUCV), na Avenida Rio Branco com a Praça Saldanha Marinho, onde permaneceu até 1940. Em 1939 salvador Isaia assume a direção das Casa Eny.
Com a morte de Luiz de Andrade em 1941. Salvador Isaia compra sua Empresa e a transfere para a galeria do Comércio. Em 1945, as Casa Eny é um comércio moderno e transfere-se para o Edifício Mauá, um dos pouquíssimos prédios da cidade, existentes na atualidade.
A inauguração da Loja Mauá em 1950, Salvador convidou Regina Cardoso, viúva do primeiro cliente das Casas Eny, Etelvino Cardoso. Em 1974, as Casas Eny comemoram 50 anos com a Edição do livro de Edmundo Cardoso, Uma loja, uma vida. O famoso jantar de 50 anos, contou inclusive com a presença do governador do estado, Sinval Guazzelli.



1.2  As Casas Eny nas últimas décadas


Muitas outras filiais foram inauguradas em Santa Maria como: Eny Boutique e a Eny Esporte (abril de 1979), Eny Infanto-juvenil (outubro 1984).
            Mesmo após a morte de Salvador Isaia, em 31 de março de 1992, outras lojas foram inauguradas: a Eny Esporte no Calçadão (reinaugurada em julho de 1994) e uma loja no Monet Shoping (março 1997) uma loja moderna, que vende produtos de todas as lojas em uma só.
            Apesar da ausência de salvador Isaia, seu legado permanece vivo nas ruas e no comércio de Santa Maria, como figura marcante em tudo que faz. Atualmente seus filhos Guido e Rafael Isaia gerenciam a rede de lojas, inclusive fora de Santa Maria.



Considerações finais:

            A longa trajetória de 85 anos das Casas eny, fez história no setor comercial do Rio Grande Sul. E foi inovado cada vez mais que o legado de Salvador Isaia prosperou, transformando-se em uma das mais bem sucedidas empresas do setor calçadista do Estado.
            As lojas Eny construíam um caminho de realizações empreendedoras, visando o desenvolvimento social e econômico de uma cidade que de início eram um entreposto comercial da Viação férrea.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Nômades, sedentários e metamorfoses: Trajetória de vida no exílio




Izabel Ribas de Mello

Glaucia Camargo

Rosimeri Nunes





A autora coloca que durante as pesquisas ela escutou depoimentos de pessoas que falaram que o exílio foi a pior coisa em suas vidas, por se manterem afastados de seu país, familiares, além de não conseguirem reconstruir suas vidas, outros já são de opinião que o exílio foi a melhor coisa de suas vidas, por terem descoberto um mundo melhor, conheceram pessoas, países, continentes, alguns conseguiram superar outros não.

O exílio dos 60 e 70 foi uma tentativa de afastar aqueles que eram contra política e econômica da ditadura militar. Tanto o exílio como a tortura, prisão política, clandestinidade e assassinatos devem ser considerados como repreção do período da ditadura militar. Ao mesmo tempo em que foi o afastamento das gerações de 1964 e 1968 foi também a liberdade, resistência e continuação da contestação.

Os fatos que marcaram este processo foi os movimentos reformistas e o golpe-militar que depuseram João Goulart e as manifestações principalmente por estudantes iniciados em 1965/1966 até 1968 se encerrando com o ato institucional nº 5. A partir do 1º de abril toda uma geração de liderança ativa na política, desde políticos, jovens, militares, passam a ser perseguidos, estes tinham em comum as experiências vividas contra a ditadura como as manifestações de rua, comícios.

Da primeira geração faziam parte pessoas maduras com profissão definida, com projetos á luta armada revalorizando a ação revolucionária fazendo uso de passeatas, greves, sequestros. Já a segunda geração quando partiram na maioria não possuíam profissão definida, tendo esta experiência no exílio, no início foram principalmente para Santiago, até a deposição de Salvador Allende (1973) e Paris, depois da derrota do governo socialista chileno.

Os exilados de 1964 sentiram muito o golpe como uma derrota do que a de 1968, pois viveu mais intensamente este momento. Para os exilados de 1964 a luta estava muito mais associada à defesa do passado, querendo preservar uma tradição que almejava mudanças. Os de 1968 desprezavam estes ideais, para eles a luta deveria ser travada do marco zero almejando um novo futuro.

As duas gerações pensavam totalmente diferentes, uma desprezava a outra, a de 68 se identificava como um marco de recomeço (recusando o ideal de populismo), a de 64 considerava a de 68 sem rumo e sem futuro (rejeitando a luta armada). Isto deixa claro que o exílio esteve longe de ser experiência homogenia, houve os que foram banidos, os que decidiram partir por conta própria, para fugirem da ambiente que se encontrava no país.

O exílio foi praticamente em três fazes importantes. Onde a primeira faze foi de 1964 até a deposição de Miguel Allende, onde a morte do presidente, a onda de terror que se espalhou pelo Chile levou com que muitos exilados deixassem o país obrigatoriamente. Outra característica é que tanto os exilados de 64 como a de 68 imaginaram que o exílio seria por um curto prazo, isto fez com que eles mantivessem o ideal de voltar ao Brasil se reintegrando à luta. Nos dois primeiros anos por acreditarem que seria um arranjo de intervalo armado por elites políticas, os exilados procuravam se mantiver informado sobre o que ocorria no Brasil. Após 1965 começaram se dar em conta que talvez não fosse isto, quando continuou a chegar mais exilados se percebe que não era exatamente aquilo que achavam,

A geração de 68 também imaginou o mesmo, entendiam que o exílio seria um tempo para poderem aperfeiçoar suas forças, fazendo uso da oportunidade do exílio para treinar nas guerrilhas em Cuba e na Coréia, estudando teoria de revolução..., nesta faze as duas gerações do exílio não haviam se dado em conta do que realmente estava acontecendo, para a maioria isto só ocorreu mais tarde.

A permanência na América Latina, o ambiente de agitação política, a proximidade do Brasil. Cuba também de grande importância, por ser vista como exemplo, principalmente o grupo de 68 treinavam entre os guerrilheiros da ilha, isto fez com que atraísse um grande número de exilado brasileiro.

Com a queda de Allende, não foi mais possível ficar no Chile, não foi mais possível que os exilados continuassem sendo apoiados, então os governos Latinos Americanos passam a recusar asilo aos brasileiros, começa então o exílio no exílio. É neste momento em que se passa a perceber a realidade do exílio, ocorrendo uma dispersão em direção à países que não queriam recebê-los.

Se da início a segunda faze do exílio, a diáspora do exílio, exilados espalhados por diversos países, onde a realidade do exílio começa a surgir, pelo fato de se passar enfrentar dificuldades de adaptação como idiomas totalmente diferentes. Com a percepção de que o retorno para o Brasil estava cada vez mais longe, a militância muda para um processo de defesa dos direitos humanos, mas mesmo assim a revolução não deixou de ser um ideal.

Ela é redefinida através das experiências no Brasil, América Latina, resurgindo um movimento de libertação nacional dos países africanos e Revolução dos Cravos, em Portugal. Na Europa passaram a ser denominados de refugiados, esta fase serviu de contatos com novas experiências que até então não eram conhecidas.

A terceira fase foi um processo de desgaste e decepção, foi definida como a fase de migração no exílio, foi uma fase onde houve um desgaste devido o processo de adaptação social, profissional que era muito baixo para as expectativas dos exilados. A busca dos países para se exilarem não se dava mais como opção de fuga, mas sim como uma opção de escolhas possíveis de sobrevivências. Foi nestas circunstâncias que redefinida a voltas dos exilados para o Brasil através da lei da anistia.

A autora coloca que o exílio foi a perda da referencias de identidade política e pessoal para a geração de 1964 4 1968, sendo a derrota de um projeto, a ruptura física e psicológica que deixou seqüelas profundas. Tem os que definem como ampliação em suas vidas, por terem entrado em contato outros países com diferentes regimes políticos, culturas, povos, dando assim outras trajetórias em suas vidas, impulsionando outros conhecimentos.

Dentro deste processo de compreensão do exílio fica claro que estes grupos que lutaram por um ideal, foram impedidos de afirmar sua identidade política, através de uma desigualdade, usando um sistema de repressão intolerante.


BIBLIOGRAFIA:



AARÃO REIS, Daniel; Ridenti, Marcelo; Motta Sá, Rodrigo Patto (org).O golpe e a ditadura militar, quarenta anos depois, 1964-2004. Bauru, S. P. EDUSC. 2004


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Transformações econômicas e sociais: Republica velha

Izabel ribas de Mello


Nivia Cordova


Durante o reinado de D. Pedro II ocorreram mudanças que afetaram tanto a situação econômica como social brasileira: ferrovia, barco a vapor, modernização na produção de café e açúcar, aumento no organismo de créditos, surgimento da industrialização, o trabalho escravo foi substituído pelo trabalho livre dos imigrantes.


Com esta crescente imigração de mão-de-obra para trabalhar nas fábricas ocorreu o crescimento urbana. Isto fez com surgisse novos grupos como os que eram ligados à industrialização, os pequenos e médios burgueses, dando assim a população urbana.

Tanto as camadas urbanas as rurais também se favoreceram destas mudanças, onde alguns menos favorecidos enriqueceram comprando terras tornando-se fazendeiros e até senhores de escravos. Os grupos tradicionais também foram afetados, enquanto alguns conseguiram modernizarem-se outros não.

Os que não conseguiam modernizar-se mantinham a mão-de-obra escrava não podendo pagar a mão-de-obra livre, isto fez com que surgisse um descontentamento dentro destes grupos tradicionais que foram suporte para a Monarquia fez com que se as bases do trono ficassem abaladas.

Esta nova situação econômica gerou conflitos onde os meios industriais desejavam uma política protecionista, os fazendeiros do Oeste paulista queriam liberação da imigração de mão-de-obra livre, os senhores de engenho por possuírem grande número de escravos eram contra preferindo a criação de núcleos coloniais, os grupos urbanos apoiavam a abolição desejando a eleição direta.

Neste meio de conflitos surgiu separatista que me sua grande maioria desejavam a República com solução para todos os problemas. Eles almejavam o reconhecimento por parte do poder central, a justa distribuição da renda arrecadada da província. Depois de um tempo com o enorme descontentamento os paulistas se sentindo prejudicados em seus interesses acabaram simpatizando com a idéia de federação, falando até mesmo em separação, considerando a República com a solução para os problemas.

Através de manifestações como a literatura, política, panfletos pregando o separatismo, o momento era propicio para as idéias separatistas que se chegou até alguns paulistas pensarem da idéia de que seria melhor a Província se separar do Império, mas como nem todos pensavam da mesma forma acabou por prevalecer a opinião federativa.

O Partido Republicano era contra a centralização imperial, tinha como principio o liberalismo clássico como representação política, direitos e liberdades individuais, o Partido Republicano do Rio de Janeiro era constituído por intelectuais e profissionais liberais. Já o Partido Republicano de São Paulo refletia os interesses dos setores cafeeiros paulistas buscavam a autonomia provincial (federalismo), a princípio não possuíam uma clara posição em relação à escravidão, eles articularam um partido com forte estrutura organizacional, com extensão com vários municípios do interior paulista.
Enquanto São Paulo os fazendeiros formavam o núcleo mais importante do Partido Republicano, o Rio de Janeiro eram representado nas camadas urbanas, nos últimos anos do Império já era grande o número de simpatizantes das idéias republicanas, mesmo não estando filiados à partidos. O crescimento das idéias republicanas acabou por gerar o Golpe militar que derrubou a Monarquia.


Com todo este descontentamento começou a se pensar na idéia de usar o exército para tomar controle derrubando o regime e instalar a República. A primeira tentativa frustrada foi em 1887, à segunda foi em 1888, mas, não houve entusiasmo por parte dos principais republicanos que hesitavam com a idéia de um golpe militar.

Os militares imbuídos de um ideal positivista pregado nas escolas militares sentiam-se preparados para uma missão salvadora, ansiosos para lutar pelos ideais de seu País. Acreditava-se neste meio que somente os militares seriam capazes disto já que os civis eram todos corruptos.

Com a dissolução da Câmera a situação acabou se agravando ainda mais, os militares ficaram não se agradaram de algumas decisões tomadas, e boatos de que seriam tomadas medidas severas contra os militares foram usadas pelos republicanos para instigar o golpe militar.

Assim o Governo provisório entra em choque com a Assembléia Legislativa, Deodoro que quer mais poder fecha o congresso em uma tentativa de golpe. Em 15 de novembro de 1889 a Monarquia era derrubada por um golpe militar se proclamando assim a República.


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

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